O ministro da Comunicação Social de Angola, João Melo, afirma que a investigação em Portugal a Manuel Vicente “foi mediatizada” quando este era vice-Presidente da República, demonstrando a “intencionalidade” da Procuradoria-Geral da República portuguesa. Como sempre, abriu a boca saiu asneira. Mas como vale tudo… os sipaios até conseguem ser chefes de posto.
Num “post” colocado no Twitter, rede social que habitualmente utiliza para comunicar, João Melo junta-se intencionalmente às vozes em Angola que nos últimos dias reivindicam que o processo iniciado pelas autoridades portuguesas transite para a Justiça angolana, ao abrigo do acordo judiciário assinado pelos dois países.
“O acordo judiciário Angola-Portugal permite que todos os cidadãos dos dois países sejam julgados nos seus países pelos crimes de que foram acusados no outro. No caso, MV [Manuel Vicente], Angola pediu que o processo seja entregue às nossas autoridades, como reza o acordo. Soberania é isso”, afirma o ministro João Melo.
“Portugal, ao não remeter o caso a Angola, está a desrespeitar o acordo judiciário mútuo”, acrescenta o ministro.
João Melo, importa reconhecer, é alguém que com uma rara perspicácia faz a simbiose perfeita entre um sipaio da era colonial e um mercenário da era marxista do MPLA. Num artigo publicado no dia 5 de Agosto de 2015 no Jornal de Notícias (Portugal), diz que “a prisão, em Luanda, de 15 activistas acusados de prepararem uma sublevação popular de atentado ao Presidente da República está a ser usada como pretexto para reviver, sobretudo em Portugal, as velhas campanhas anti-MPLA do período da guerra civil em Angola, quando a UNITA pagava o salário de numerosos jornalistas, políticos e outras figuras portuguesas, que adoravam as visitas à Jamba”
João Melo, na velha tradição dogmática do seu partido, reedita velhas teses, segundo as regras – não menos dogmáticas – do seu “Jornal de Angola” (JA), desde sempre órgão oficial do MPLA, correia de transmissão do regime ditatorial que (des)governa Angola desde 1975.
De facto, no dia 12 de Maio de 2008, o Pravda (como é também conhecido o JA) ameaçou divulgar “as listas dos nomes dos quadrilheiros portugueses capturadas no bunker de Jonas Savimbi no Andulo”. Até hoje não o fez. E também, e mais uma vez, João Melo fala da questão mas não dá o nome aos bois. É pena.
Então, camarada João Melo, como mais vale tarde do que nunca, não será esta a melhor altura para divulgar essa lista de “jornalistas, políticos e outras figuras portuguesas”? Não será altura de pôr tudo em pratos limpos?
Continuamos à espera das listas de quadrilheiros portugueses e, já agora, também da imensa listagem dos oficiais das FAPLA e depois das FAA que trabalhavam para Savimbi, assim como dos políticos do MPLA, alguns com altos cargos nos diferentes governos e que também eram assalariados do líder da UNITA, e ainda dos jornalistas (portugueses e angolanos), hoje rendidos aos encantos do MPLA, e que também eram amamentados por Savimbi.
Continuando os “diamantes de sangue” angolano a circular pelos areópagos da alta finança mundial, embora com outro nome, assim como o “petróleo de sangue”, seria bom que se soubesse (santa ingenuidade a nossa!) a que “quadrilhas” servem agora.
Há já muito tempo que o povo angolano vem assistindo ao gingar bamboleante e demagogo de João Melo, o Goebbels do MPLA que João Lourenço tanto gosta de ver dançar ao ritmo da sua batuta, vomitando raios e coriscos contra os sistemas económicos e sociais dos países mais desenvolvidos e democráticos.
Este tipo de fuga, ou cobardia psicológica, (agressão deslocada, como explica a psicologia), acontece porque ele tenta, sem sucesso, disfarçar os sofismas e as ambiguidades e contradições do MPLA que parasitam a sociedade angolana, económica e socialmente há 42 anos.
Ninguém é capaz de definir cientificamente o sistema económico e social imposto pelo MPLA, porque o MPLA muda de ideologia (tal como os seus sipaios) mais vezes do que o número de vezes que um doente sofrendo de disenteria necessita de utilizar instalações sanitárias. As explicações matumbas do Goebbels do MPLA acabam por ter o efeito contrário, demonstram que João Melo é um narcisista sanzaleiro e Angola está a ser governada por várias raposas a tomarem conta do galinheiro.
Neste momento o João Goebbels Melo afirma que a ideologia do MPLA se situa na área do socialismo democrático. Todavia há quem defina o sistema económico e social do MPLA como “chuchalismo” cleptocrático, perceptível no comportamento parasitário que favorece o enraizamento do capitalismo selvagem no nosso país.
As análises do João Goebbels Melo acabam por cair sempre num saco roto, dificilmente remendável. É este o “artista” que João Lourenço escolheu para Ministro da Comunicação Social. Para completar o ramalhete bem que o Presidente poderia ter escolhido outros “bailarinos”, caso de João Atum Pinto.
Folha 8 com Lusa